Irmãos Dixon:




Irmãos Dixon:


Há quase três anos a AMC decidiu trazer a nossas telas o que agora se tornou o maior sucesso, The Walking Dead. Baseado em uma história em quadrinhos, a série gira em torno da história de um grupo de sobreviventes, lutando por suas vidas em um mundo pós apocalíptico que pouco se parece com o mundo em que crescemos acostumados a usar e abusar. Ao mesmo tempo em que a hq se mostra um sucesso, a fama da série em si tem sido bastante inesperada, mas com um elenco talentoso que inclui Andrew Lincoln (Rick Grimes), Laurie Holden (Andrea), Melissa McBride (Carol) e os já citados Michael Rooker (Merle Dixon) e Norman Reedus (Daryl Dixon) isso não é nenhuma surpresa.

O que nos leva de volta a Michael Rooker e Norman Reedus, dois atores que acabaram interpretando personagens que são definitivamente cartas curinga, sem nenhuma conexão com a história em quadrinhos. Os dois começaram a série como mal-educados, racistas, uma dupla de caipiras largados no meio do acampamento que pareciam estar de saco cheio com as pessoas civilizadas. Ênfase em pareciam. Até eu me surpreendi com o tamanho da diferença que esses dois pareciam ter com aqueles que ainda estavam desesperadamente agarrados aos seus velhos hábitos, suas próprias vidas, enquanto os Dixon aparentemente abraçaram a selvageria do novo mundo, praticamente se deliciando com sua violência. Então como eles viraram os favoritos dos fãs? Eles são salvos seguidas vezes por grandes campanhas para continuarem?



Exibição A. Michael Rooker e Norman Reedus vieram para a série com grande apoio dos fãs, mas como isso não é suficiente para manter a atenção de alguém, eu apresento: Desenvolvimento do personagem.

Mais visível para o personagem de Norman Reedus, este pedaço de evidencia em particular fez com que fãs ameaçassem se revoltarem se algo acontecesse com Daryl antes de sua história terminar completamente. (A revolta pode acontecer independentemente se seu personagem se deparar com o que, sem dúvidas, seria visto como uma morte prematura). Por não ser nada além de um homem selvagem comedor de esquilos, considerado analfabeto e burro por um grupo que ele salvou diversas vezes, ele se tornou o braço direito de Rick Grimes, substituindo Shane (Jon Bernthal). Em uma exibição mais gráfica desta exposição, vamos dizer que ele passou de alguém que comia carne crua e usava orelhas de walkers como um colar para alguém que pega bebes no colo.

Pequenas coisas foram adicionadas ao personagem, pequenos gestos, um recuo aqui, uma palavra confortante sussurrada ali e os fãs da série foram influenciados a amar o homem que lentamente tem tomado o lugar de alguns dos personagens mais queridos do hq no coração das pessoas.

Merle era um pouco mais osso duro, estamos falando de um cara que tratava as mulheres como sua própria propriedade privada, humilhando-as, mostrando suas tendências racistas como se elas estivessem saindo de moda (levando em conta que a população humana foi praticamente extinta, isso poderia ser verdade), então como você faz para tornar um personagem como este melhor? Como você conserta as coisas para conseguir que os fãs para de vê-lo como algo que de ser massacrado ou usado como isca de walker?

Passo 1. Dê o papel para Michael Rooker.
Passo 2. Deixe o personagem em questão amarrado em um telhado exposto ao calor e faça-o ter alucinações.

Passo 3. Certifique-se de que ele é parente de Daryl Dixon, o que dará a você uma rápida noção da relação deles, fazendo com que você sinta pena dos dois.

Passo 4. Garanta que ele não está mais viciado em drogas quando ele fizer sua próxima aparição na série.

Não me entenda mal, ninguém “ama” o Merle por quem ele é, ele ainda é um idiota para muitos fãs, mas as leves nuances que conseguimos ver na máscara fria e sem emoção de seu personagem são o bastante para dar esperança às pessoas de que talvez, apenas talvez pode haver algo a mais nele do que nossos olhos conseguem enxergar. Ele não é branco e preto, não é apenas bom ou puramente mal, ele é como a maioria das pessoas com as quais convivemos, talvez com a língua um pouco mais solta, dizendo o que pensa sem controle. E nós o odiamos por isso, mas também o amamos por isso.

Enquanto os autores colocam no papel o que vai para a série, o que está sendo dito, por quem ou quando, é o ator que traz o personagem à vida, é o o modo como atuam seus personagens que faz a diferença e, sinceramente, o Rooker não faz toda a diferença?

Exibição B. Esses dois não apareceram na tela juntos tempo o suficiente para nós sabermos realmente muito sobre eles ou sua relação, nem Daryl nem Merle são do tipo que saem por ai contando sua história de vida em uma fogueira de acampamento ou escrevendo longos e cansativos textos em diários que poderiam ser descobertos por engano, revelando seus segredos mais profundos e obscuros, mas mesmo assim cada um deles demonstrou uma preocupação verdadeira pelo outro. Apesar de “até os caras maus amam suas mães” ser uma bela metáfora (eu imagino que isso também se aplique ao relacionamento entre irmãos), foi exatamente este afeto que nos permitiu conhecer o que os faz com que se liguem um ao outro, separadamente ou em um relacionamento. Suas cenas juntos nos mostraram o quanto eles evoluíram estando separados, a partir do sonho induzido pela concussão no qual Daryl estava sendo zombado e castigado por uma alucinação de Merle por Daryl estar se preocupando mais com si mesmo em vez de com seu irmão, fazendo a coisa certa em vez de levar a palavra do homem como um evangelho, como havia acontecido antes.


E então vêm o último episódio The Walking Dead que colocou os fãs em conflito sobre a dinâmica Daryl/Merle. Durante “Home”, o episódio mais recente de The Walking Dead, tivemos uma ideia de como era a vida na casa dos Dixon, aprendemos sobre os sentimentos de abandono que Daryl sofreu, que ele ficaria ao lado de seu irmão para sempre e que pelo menos uma vez ele esperava que Merle retribuísse isso. Enquanto o Merle das temporadas anteriores teria ido embora, esperando que seu irmão mais novo o seguisse sem discutir, por uma vez ele se vê cedendo, permitindo que algo mais importante que seu ego tivesse prioridade, o vínculo que ele deseja ter com seu irmão, um vínculo que parece ter sido prejudicado pelos acontecimentos recentes. A melhor parte de tudo isso? Se você assistir ao episódio você verá que nada disso está explicitamente indicado, está tudo implícito nas palavras vagas e nos gestos simples.

E Michael Rooker, se você acabar lendo isto e chegar até aqui, você foi incrível. Sem dúvida, foi seu melhor episódio até agora, a forma como sua expressão facial muda da raiva para confusão e dor ao ver as cicatrizes de seu irmão, a prova de seu fracasso como protetor quando ele havia sido mais necessário, merece todos os prêmios. Você quase podia sentir o horror dele, um homem que não via problemas em espancar alguém indefeso, em deixar bebes serem devorados por walkers, e que de repente caiu sobre seus joelhos ao ver as cicatrizes na pela das costas de seu irmãozinho. Dada a reação dos fãs, ele obteve sucesso em se tornar ainda mais amado por seus fãs, suas habilidades de atuação estão sem dúvida entre as melhores da série. O fato de Norman Reedus ter exposto suas próprias habilidades, fazendo uma das cenas mais dramáticas da série até agora também não é algo a ser ignorado, eles atuaram tão bem juntos que tenho certeza de que escutei as palmas de milhões de pessoas que acompanharam tudo até aqui.




Conclusões:

Se quiser colocar um personagem idiota que deveria durar apenas três episódios ao coração dos fãs, encontre alguém capaz de atuar, disposto a fazer algo a mais, e não se esqueça de dar a ele algo com o que trabalhar – que pode ser simplesmente a coisa mais importante aqui.

E não se esqueça de que existem muitas séries por ai que usam o abuso como um meio de tornar menos provável que personagens que acabaram sendo adorados, de repente se tornem simpáticos. No entanto, existem pouquíssimas séries que sabem como usar essa tática com eficácia. The Walking Dead nem mesmo está focado neste ângulo, contando apenas com a capacidade de atuação dos dois para conseguir que as pessoas queiram saber mais, dando a eles material com o qual trabalhar para deixar todos felizes. Eles não te dão tudo de bandeja como se você não fosse nada além de um receptor daquilo que eles querem que você saiba, você precisa descobrir as coisas por si só, tirar suas próprias conclusões sobre quem ou o que esses dois são e não é isso que deixa a televisão melhor? Para conseguir ter uma ideia de quem eles realmente são por baixo de toda a sujeira e os palavrões, por baixo da raiva que é tão avassaladora sobre cada um deles toda vez que as coisas não saem à sua maneira, nós precisamos esperar, precisamos ter esperança e dar a eles um mínimo de benefício da dúvida. Eu não estou desapontado. Você está?

Fonte: Geek Pride
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